Educação financeira começa em casa
Jornal do Brasil - 01/04/2012
Mauro Calil*
Costumo dizer que o planejamento é apenas uma das muitas facetas da educação financeira e que, sem dúvida, deve começar em casa, com os pais ensinando aos filhos. A criança deve ser educada para que saiba lidar com o dinheiro que tiver ao seu alcance desde sempre, sem falar a importante lição de que dinheiro não nasce espontaneamente na carteira de ninguém.
Saber lidar com o dinheiro é uma habilidade essencial que usamos em todos os momentos da vida, pessoal e profissional. Por isso, trata-se de um tema que deve ser ensinado para as crianças, principalmente para saberem que, na vida adulta, estarão inseridos em um mundo regido pelo dinheiro.
Infelizmente, as escolas não ensinam a forma correta de como lidar com dinheiro, tão pouco os pais – salvo algumas exceções. Da mesma forma, são poucos os cursos superiores que o fazem. Apenas os cursos de Administração de Empresas, Contabilidade e Economia ensinam sobre o funcionamento e a importância das finanças. Tenho certeza de que todo mundo conhece alguém incrivelmente bem sucedido e inteligente que tem dificuldade de lidar com dinheiro exatamente por não ter aprendido em casa, na escola ou mesmo na graduação.
Essa falta de informações sobre como lidar com o dinheiro é evidenciada a cada dia, principalmente se observarmos o crescente número de jovens endividados. Assim, desenvolver a habilidade necessária para lidar com o dinheiro em casa pode ser a única oportunidade que seu filho vai ter de aprender sobre o assunto por um bom tempo. Mas como ensinar uma criança se os próprios pais não conhecem sobre o assunto?
A resposta para esta pergunta é a informação. E o que não falta no mercado são livros, cursos, reportagens, entre outros, sobre como cuidar do dinheiro. E não é nada difícil. Um conselho básico para quem quer evitar os problemas com as finanças é usar um caderno ou uma planilha eletrônica para anotar as receitas e cada gasto, por menor que seja.
Para ensinar as crianças, talvez o melhor seja começar com uma brincadeira com moedas. Mostre que, quanto mais moedas, mais o cofrinho fica pesado. No caso de crianças em fase de alfabetização, ensine-as a reconhecer as notas pelos números e letras. E quando já tiverem aprendido as operações matemáticas básicas, pode-se introduzir a mesada. Já os jovens devem ser incentivados a anotar os gastos, com lanches e condução, por exemplo, em um caderno ou agenda.
É importante lembrar que, no caso da mesada, deve-se ensinar os jovens que aquele dinheiro deve satisfazer suas necessidades e vontades, como o lanche da escola ou a compra de algum item de desejo, e que estes recursos são para o mês inteiro. Os pais não podem dar uma mesada e, se o dinheiro acabar antes do final do mês, dar mais. Nesse caso, os pais têm mais uma oportunidade de dar ensinamento, inclusive utilizando da criatividade. O dinheiro acabou e não dá para comprar lanche na escola? Leve o lanche de casa.
Vale também aconselhar a criança a guardar um pouco da mesada para comprar aquele brinquedo que ele tanto quer. Assim, os pais estarão ensinando que a responsabilidade de conseguir ou não o que se quer é toda dele.
Dar bons exemplos aos filhos também faz parte da educação financeira. Lembre-se que ele se espelha em você. São pequenos detalhes como estes que podem fazer toda a diferença.
*Mauro Calil é educador financeiro e autor do livro “A receita do bolo” – www.calilecalil.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário